O Brasil é reconhecido pela sua diversidade étnica, cultural e de biomas. Se por um lado há tanta riqueza e pluralidade, esse mesmo país é um dos que mais mata pessoas LGBTQIAP+, de acordo com dados do relatório do Observatório de Mortes e Violências contra LGBTQIAP+, pelo terceiro ano seguido. Por isso, no mês em que se celebra o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAP+, no dia 28 de junho, é importante que toda a sociedade se una à luta e ajude na campanha em prol dessa comunidade. Tal esforço não deve se restringir apenas à data e, sim, ao trabalho diário de coibir a cultura homofóbica tão forte e agressiva no Brasil.
A sigla, muitas vezes não compreendida pelas pessoas, busca representar todas as diversidades sexuais e de gênero presentes na sociedade, como: gays, lésbicas, bissexuais, travestis, transexuais, pansexuais, queers, agêneros, pessoas não binárias e intersexo. Vale lembrar que cada letra aponta demandas específicas.
Com isso, todo o mês de junho é destinado às ações, às campanhas e aos movimentos que visam dar maior visibilidade para essas pessoas, intensificando a importância de projetos e de políticas que os integrem a sociedade. Todavia, de acordo com Renan Gomes de Moura, Professor no Programa de Pós-Graduação em Humanidades, Cultura e Artes da UNIGRANRIO, o período não é apenas relevante para mostrar que essas pessoas existem, mas, sim, para dizer que elas resistem. “Considerando que vivemos em uma sociedade heteronormativa, que exclui gays, lésbicas, travestis e transexuais, nós, ainda, somos resistentes. É um mês no qual acentuamos essa pauta do direito de existir, de viver”, afirma.
Empresas como aliadas da causa LGBTQIAP+
Dentro desse cenário, as empresas podem ser grandes aliadas. “Elas precisam começar a criar um contradiscurso – o ‘discurso da diversidade’ alinhado à questão social. Não adianta estar diretamente relacionada à estratégia empresarial, que serve como uma mola propulsora dos negócios, mas, principalmente, inserir, de fato, essas pessoas, que são tão marginalizadas, no ambiente de trabalho, uma reinserção na sociedade, sem distinções”, pontua Renan.
O especialista ainda comenta que tais ações não devem ocorrer apenas durante o mês de junho, mas, também, no restante do ano, com o objetivo de modificar a forma como se relacionam com a diversidade. Portanto, as iniciativas precisam ser intensificadas com campanhas, posts para as redes sociais, boletins internos e a abertura do diálogo com os colaboradores durante todo o ano. “É preciso trazer essas questões para discussão de forma rotineira”, afirma o professor.
Educação é o caminho
Todavia, outras medidas precisam ser tomadas para a sociedade compreender que nenhum indivíduo é igual ao outro, pois cada um possui suas características próprias, sejam elas de aparência, opinião ou interesses. Com isso, políticas públicas devem ser criadas para tentar modificar essa realidade da sociedade brasileira – e mundial.
Segundo Renan, a educação é um dos principais ambientes em que o debate sobre a diversidade deve estar presente. “Precisamos ter políticas públicas agindo na educação para que esse indivíduo, que será inserido na sociedade, se tornando um adulto, tenha outros pensamentos, ideias e valores. Assim como, conscientizar que não temos o direito de matar, principalmente, por causa do gênero e/ou sexualidade”, finaliza.