Inspiração, desejo de igualdade educacional e vontade de reforçar a importância da educação indígena, esses são pontos em comum e fundamentais que unem Emanuel Herbert e Socorro Elias, além do elo filho e mãe, na luta pela educação antirracista. Ele é Consultor de comunicação indígena e ela, Coordenadora Executiva da Makira E’ta – Rede de Mulheres Indígenas do Estado do Amazonas. A organização faz parte do Projeto SETA. Fundada em 2017, a Rede de Mulheres Indígenas do Estado do Amazonas nasceu com o objetivo de representar, a nível estadual, diversas organizações, movimentos, cooperativas e associações de mulheres indígenas.
Caminhada movida pelo desejo de transmitir informações
Apesar da referência de sua mãe, a caminhada profissional de Herbert, de 26 anos, foi autêntica. Os recorrentes episódios de racismo, sofridos por ele, fizeram com que se interessasse pela temática e buscasse mais informações a fim de entender as complexidades que envolvem o crime e, também, poder transmitir esse conhecimento para aqueles que não tinham acesso à informação.
“Quando perguntava para meus parentes o que era educação antirracista, por exemplo, eles não sabiam responder, então, passei a explicar e entendi que deveria levar essas informações para mais pessoas, principalmente, a juventude indígena, pois a escola não nos ensina sobre e eu não podia esperar que eles chegassem à faculdade para começar a entender esse grande sistema do racismo”, comentou.
Para Socorro Elias, ver o filho seguir um caminho semelhante ao seu, é motivo de orgulho. Porém, a educadora salienta que a sua maior satisfação é o fato dele conseguir envolver jovens indígenas dos centros urbanos e dos territórios na reflexão do significado e da importância da Educação Antirracista. “Herbert sempre foi questionador e ao mesmo tempo sugeria mudanças nas metodologias utilizadas nos trabalhos em campo”, comentou Socorro.
Desafios durante a caminhada
Herbert conta com um currículo admirável. é discente de psicologia, pesquisador científico do laboratório de fenomenologia existencial da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), liderança jovem no movimento indígena do Amazonas,mobilizador em saúde mental para crianças e adolescentes, coordenador da rede de jovens comunicadores indígenas, Mentor do projeto de jovens lideranças indígenas JAPER e consultor de comunicação indígena no Projeto SETA.
No entanto, um dos desafios que enfrentou ao longo de sua caminhada foi a desqualificação, de acordo com ele, por ser jovem, indígena e pela força que, infelizmente, o racismo ainda tem. Para Herbert, os avanços conquistados pela sociedade ainda são poucos, porém, hoje, existem mais pessoas indígenas formadas e, também, jovens que buscam a educação como fonte de mudança em suas vidas.
“Desejo que a educação seja efetivada pelos indígenas, respeitada e valorizada, que nossos profissionais da educação possam ser os autores de nossas histórias, que a educação de qualidade e de equidade com respeito etnocultural seja uma realidade no futuro, que a educação etnoterritorializada seja além de conhecida, concretizada”, salientou o educador indígena.