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Evento debate masculinidades nos tempos atuais

O bate-papo “Masculinidades nos tempos atuais” aconteceu na segunda-feira, 6 de agosto, na Sede da Coca Cola Brasil, zona Sul do Rio, o bate-papo “Masculinidades nos tempos atuais”, organizado pela Usina da Comunicação, em parceria com o Promundo. Gary Barker, co-fundador da Promundo Brasil e Diretor da Promundo Internacional, apresentou a pesquisa The Man Box (A Caixa do Homem): Um Estudo sobre Ser Homem Jovem nos Tempos Atuais. O estudo foi realizado nos EUA, México e Inglaterra, há aproximadamente um ano e meio, com homens entre 18 e 30 anos.

Para enriquecer o debate, a Usina da Comunicação convidou Aline Alves Felix, Líder de Diversidade e Inclusão e da Academia de Líderes na Bayer Brasil; Ana Paula Brandão, Gerente de Mobilização e Produção do Canal Futura e Gustavo Siqueira, Diretor Geral LATAM – Saint Gobain Canalização.

“A comunicação tem um papel importantíssimo quando pensamos em diversidade. Ao mesmo tempo que percebemos uma onda conservadora não só no Brasil, como no mundo, também é visível que as empresas começam a levar a sério essa questão. Nós, profissionais de comunicação, temos um papel relevante para estimular mudanças de comportamento e cultura, quebrar estereótipos e educar, inclusive educar nossos clientes, pois as mudanças e políticas de diversidade precisam ser genuínas e realizadas em bases sólidas. Também precisamos olhar para dentro das agências e observar a questão de representatividade. Seguiremos realizando eventos como esses, pois precisamos de conteúdo de qualidade sobre o tema”, afirma Claudia Abreu Campos, sócia da Usina da Comunicação e idealizadora do evento.

Sociedade pressiona os homens para que eles sejam de uma determinada maneira

A The Man Box diz respeito a um conjunto de convicções comunicadas pelos pais, familiares, pares e outros integrantes da sociedade, que pressionam os homens para que eles sejam de uma determinada maneira. Ao longo da pesquisa, o Promundo foi rigoroso com o conceito da A Caixa do Homem, medindo como os homens jovens se deparam socialmente com estas mensagens, como eles as internalizam e como estas convicções moldam tanto suas vidas como as vidas das pessoas ao seu redor.

Mulheres também reforçam ideias do ideal de masculinidade

Durante sua fala, Gary chamou atenção para o fato das mulheres também reforçarem ideias do ideal de masculinidade “um em cada três homens dos EUA e Inglaterra dizem que uma parceira feminina espera que ele, por exemplo, use da violência para defender a sua reputação e, metade dos homens disse que a sociedade fala que um homem de verdade nunca pode dizer não à uma relação sexual. Com isso, reforçam a ideia de que o homem é uma máquina sexual”.

Os efeitos prejudiciais da The Man Box são sérios, reais e problemáticos. A maioria dos homens que aderem às regras são mais propensos: a colocarem sua saúde e bem-estar sob risco, a evitar a intimidade nas suas amizades, a evitar procurar ajuda quando precisam, a passar por situações de depressão e a ter pensamentos suicidas com frequência.

Violência e assédio

Os homens jovens dentro da The Man Box são mais propensos a terem usado violência – física, verbal e pela internet – contra outros homens jovens e a terem praticado assédio sexual contra mulheres. Eles também são mais propensos a terem sido vítimas de violência. Ainda são mais propensos a se envolverem em comportamentos violentos como o abuso de álcool; eles são duas ou três vezes mais propensos a envolver-se em acidentes de trânsito; e eles são menos propensos a terem relacionamentos e amizades emocionalmente profundas.

A segunda palestrante foi Aline Felix, a psicóloga explicou que a Bayer instaurou cindo grupos de afinidades e agora há uma percepção que olhar para os grupos em si não satisfaz completamente a demanda. “A iniciativa foi muito bacana e importante, trouxemos a discussão da diversidade internamente e fez com que chegássemos até aqui, mas segmentamos o olhar de diversidade. Agora, precisamos olhar de forma transversal, não podemos deixar pessoas de fora. E é necessário contemplar todas as pessoas”, comenta.

Aline reforçou que falar sobre raça não é só falar sobre negro, que falar sobre gênero não é tratar apenas da mulher. A Líder citou como exemplo o programa de estágio da Bayer “Quando eu olho para os estagiários da Bayer eu vejo um equilíbrio interessante de gerações, pois tem estagiário de 17 anos e temos estagiários de 34 anos. Isso é ser diverso e esse é nosso desafio”.

De acordo com Aline, a empresa Bayer conta ainda com um equilíbrio de gênero, cerca de 52% dos colaboradores são mulheres, e até um tempo não tinha um equilíbrio voltado para raça, por isso, revisitaram o processo seletivo para garantir que ele fosse menos único. Hoje, aproximadamente 53% dos estagiários da Bayer, são negros.

Em seguida, Ana Paula Brandão trouxe exemplos a respeito da programação do Canal Futura. Ela falou ainda como as organizações precisam comunicar para que consigam atingir a população. “Se a gente quer construir uma comunicação engajada que dialogue com as grandes causas que a gente tem e com os grandes problemas sociais, se é de fato uma comunicação educativa, a gente precisa estar dentro dos territórios e próximo das pessoas com quem queremos dialogar”, sugeriu.

Gustavo Siqueira fechou a rodada de apresentações  abordando o assunto a respeito da contratação de mulheres. Segundo ele, as companhias têm uma dívida social muito grande, tanto com a questão racial quanto com as mulheres. A Saint Gobain Canalização, por exemplo, tem apenas 21% dos cargos executivos ocupados por mulheres “Se as empresas não tomarem alguma posição mais concreta nesse momento não irão conseguir acelerar esse tipo de processo. Naturalmente, a demora vai ser muito grande. Hoje, de certa forma, a gente estabelece e define a contratação das mulheres. Isso não é fácil, pois é um processo que passa por gerações”.