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Eleito o maior “cestinha” Olímpico do mundo, o ex-atleta, conversou com a Super Negócios e fez um paralelo entre liderar um time de basquete e uma equipe de supermercado (Imagem: Divulgação ASSERJ)

Entrevista exclusiva com Oscar Schmidt, o maior jogador brasileiro de basquete de todos os tempos

Conteúdo produzido pela Usina da Comunicação para a Revista Super Negócios, da Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (ASSERJ)

Campeão Pan-Americano de 1987, recordista de pontos em Olimpíadas, membro do seleto grupo de jogadores do Hall of Fame, de Springfield (EUA), e, ainda, vencedor do Prêmio Top of Mind de RH por cinco vezes, Oscar Schmidt passou por inúmeras situações desafiadoras ao longo dos mais de 30 anos de carreira. Em entrevista exclusiva para a Super Negócios, o ex-atleta que, hoje, acumula mais de 800 palestras feitas, compartilhou a sua visão sobre liderar equipes, a importância do treino diário e a persistência como chave para alcançar o sucesso.

Os supermercadistas têm muito em comum com os atletas, como o foco, o treinamento, a liderança e a motivação. Você enxerga essa relação do corporativo com o esporte?

Claro! Eu entendo que vocês, profissionais do varejo, também precisam treinar muito. Logo, necessitam ficar sozinhos, focados, e estudar tudo sobre o setor, caso contrário não conseguirão triunfar. Essa é a minha mentalidade de competidor, de alguém que venceu, porque não jogávamos apenas contra times pequenos, disputávamos com equipes grandes do mundo inteiro, portanto, precisávamos treinar muito para atingir os nossos objetivos. 

Você comentou que o técnico Ary Vidal tinha três regras essenciais na hora de liderar o time. Quais eram e quais os efeitos no resto da equipe?

A primeira era a necessidade da bola precisava passar, em quase todo ataque, pela minha mão e do Marcel. Portanto, assumíamos um papel de liderança no time, similar a de um gestor do negócio. A segunda dizia que os pivôs não iam ver tanto a bola e participariam menos do jogo. Ou seja, tem gente da sua equipe que realizava menos das atividades do dia a dia. Por fim, a terceira exigia um bom passe de bola por parte dos armadores. Então, o foco desses atletas era abastecer bem os dois principais jogadores. Essa é a relação que vejo entre liderar um time e uma equipe de supermercados.

Qual a sua melhor memória da carreira?

Com certeza, a vitória do Pan-Americano em 1987. Foi a primeira vez que os Estados Unidos perderam dentro de casa e, justamente, nós saímos com a vitória. E isso nunca mais aconteceu, só a gente conseguiu. Fizemos algo raro de acontecer em qualquer esporte. E o melhor de tudo nem foi ganhar o campeonato, mas sim termos sido aplaudidos mesmo fora do estádio. Foi um episódio incrível, porque tivemos que passar por dentro de um shopping center para desfilar e as pessoas celebravam e nos parabenizavam. Sentimos muito orgulho desse momento.

Você reconhecidamente era o melhor do time onde jogava. Como é ser generoso com o resto da equipe?

É preciso equilíbrio. Tem hora para dar bronca e momento para elogiar o time. O grupo necessita saber que você faz parte da equipe e está ali por eles. É uma combinação difícil de acontecer, porém necessária. Mas, é importante lembrar que todo mundo tem momentos ruins. Apesar de eu ser o maior pontuador de todos os tempos, não ganhei medalha contra a União Soviética na Olimpíada de Seul, em 1988, porque eu errei o último arremesso. E isso é algo que lembro sempre.

Você já ministrou mais de 800 palestras e ganhou cinco prêmios Top of Mind de RH. O que você gosta mais: palestrar ou jogar?

Com certeza, era jogar. Mas, eu falo de basquete todo dia em minhas palestras, então, é um bate-papo excepcional, pois eu abordo algo que eu gosto. Além disso, me dá a possibilidade de ver que todo o meu trabalho é reconhecido pela torcida. 

Você tem alguma história com supermercado para compartilhar com a gente? 

Quando eu era pequeno, adorava ir ao supermercado com meus pais porque eu queria ganhar chocolate. Eu adoro chocolate, sempre gostei, e só recebia se eu fosse junto com eles. Caso contrário, eles não compravam. 

Qual é o momento mais feliz da sua vida pessoal? E o mais triste?

O mais feliz foi ter visto o meu filho nascer. Como o trabalho de parto da minha esposa teve longa duração, eu fui para a quadra treinar. Passei umas três horas fora e, quando eu voltei, deu tempo de ver o meu filho nascer. Foi o instante mais lindo da minha vida. Em relação ao mais triste, não tenho dúvidas, foi o falecimento do meu pai. Eu estava me preparando para dar uma palestra e recebi a notícia. Foi um momento de muita dor. 

Você teve câncer duas vezes. Como teve força para superar a sua doença?

Foi um processo difícil, mas não impossível. Eu operei em 2011 e 2013, fiz todos os tratamentos, e digo que foi mais fácil vencer a doença do que o Pan-Americano de 1987. Se você encarar qualquer doença como uma gripe, você vai vencer, eu tenho certeza. É preciso ter fé em Deus e se conectar com Ele. 

Poderia deixar um recado para os supermercadistas?

Supermercadistas, se vocês não treinarem e não lerem o que tem na sua frente, as suas vidas serão muito difíceis. É preciso praticar diariamente. Treinem muito! E não esqueçam: a vitória está garantida, você pode até perder uma partida, mas vai ganhar o campeonato se você treinar, treinar e treinar.