ENGENHARIA DAS CHUVAS: PROJETOS E SOLUÇÕES NO COMBATE ÀS ENCHENTES CARIOCAS

foto engenharia das chuvas

O problema das enchentes no Rio de Janeiro vem de longa data. Sai governo, entra governo e o panorama na cidade não muda. Quando a chuva aperta um pouco mais é o suficiente para provocar grandes estragos em diferentes pontos da cidade, em alguns locais menos, em outros mais. Uma das principais vias do Rio, por exemplo, a Avenida Niemeyer, está fechada desde maio, sem previsão de abertura. Todo carioca se pergunta, quais são as soluções para esses transtornos que atravessam décadas? Há luz no fim do túnel? O tema já chegou às salas de aula.

Refletindo sobre como combater às enchentes cariocas, alunos do Ensino Médio do Elite Rede de Ensino decidiram adotar o tema em suas pesquisas para a edição 2019 do projeto Feira de Ciências do colégio. A partir de dados históricos e estruturais da cidade, os estudantes discutem possíveis soluções do ponto de vista do desenvolvimento de redes hídricas mais eficientes que atendam as demandas do Rio, apresentando soluções práticas e sugestões de projetos que atendam a essa demanda.

“A proposta visa promover um momento de reflexão sobre o assunto e convidar o aluno a uma vivência prática no que diz respeito a produção científica, tirando o aluno da inércia da sala de aula e convidando-o a ser protagonista no processo ensino aprendizagem. Acreditamos que com isso, além do legado acadêmico, estamos construindo as bases necessárias para que nossos alunos descubram e desenvolvam seus potenciais se tornando agentes transformadores da nossa sociedade”, explica Marcelo Henrique, coordenador das turmas Enem, do Elite.

Segundo o coordenador do Elite, os estudantes têm liberdade de produção. Os mestres apenas realizam a mediação dos temas e sugerem alguns caminhos, mas a ideia é estimular a autonomia deles para serem formados alunos críticos e transformadores.

Soluções para o fim das enchentes

Viviane Viana, Engenheira Ambiental, Doutora em Ciências Ambientais pela UERJ e voluntária da Defesa Civil Rio – destrinchou importantes medidas a fim de solucionarem as enchentes cariocas.

“A cidade do Rio de Janeiro apresenta características geográficas e morfológicas que favorecem a ocorrência de inundações em vários pontos devido a serem áreas naturalmente alagadas – acumulam o volume de água drenado nas bacias hidrográficas – que foram ocupadas ao longo do histórico de crescimento. Para que seja possível minimizar isso, é importante termos sistemas de drenagens muito bem dimensionados, com manutenção eficiente e adotarmos medidas complementares: como a instalação de telhados verdes, captação de águas de chuvas, em menores escalas nas residências e também nas grandes estruturas de engenharia como os chamados piscinões – reservatórios de retenção de água”.

 

Para a Doutora em Ciências Ambientais, além das medidas de engenharia, de gestão e da ação da população cada um fazendo a sua parte, é muito importante pensar no momento da ocorrência da chuva e que existe o risco de desastre. A população precisa saber para onde ir e que tenha o apoio da Defesa Civil e da prefeitura. Seja para evacuar determinadas áreas, seja no isolamento de ruas e vias que estão sob riscos de deslizamento ou inundação. Portanto, as ações de gestão de risco de desastres são fundamentais. Outro ponto que destaco é a importância de propagar essas informações para os jovens nas escolas e trabalhar o tema em uma ótica multidisciplinar”.

Histórico

A maior das enchentes aconteceu em 1966. Duzentas e cinquenta pessoas morreram e mais de 50 mil ficaram desabrigadas. Após um ano, 119 pessoas morreram em Laranjeiras em função do deslizamento de uma encosta. Em 1988, uma enchente alagou bairros inteiros provocando 300 mortes em duas semanas.

No ano de 1996, mais tragédia. Trinta mil desabrigados e 200 mortes em virtude dos deslizamentos e alagamentos. Já em 2010, os problemas não ficaram apenas pela capital. Foram 100 mortes no Rio e no Morro do Bumba, em Niterói, três mil desabrigados e 48 mortos. No ano seguinte, a maior tragédia do estado. Na Região Serrana 30 mil ficaram desalojados e quase 1000 mil pessoas morreram. Em fevereiro deste ano, seis pessoas morreram por conta das enchentes na capital.