Você já deve ter ouvido e/ou lido sobre a importância da empatia e da escuta, características básicas da Comunicação Não Violenta (CNV). Desenvolver esses atributos são essenciais para a convivência no meio corporativo e, também, para aprendizados aplicáveis no campo pessoal.
Com a chegada da pandemia, as ações visando o bem-estar e a saúde mental dos colaboradores foram extremamente necessárias frente às mudanças impostas pela covid. No trabalho remoto, as comunicações via ferramentas tecnológicas tornaram-se diárias e com alta frequência, reforçando a importância do cuidado na hora de comunicar algo, seja através de uma mensagem escrita, falada ou até mesmo um comentário em um encontro virtual.
De acordo com a recente pesquisa Comunicação Não Violenta nas Organizações no Brasil, da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje), 52% dos entrevistados sofrem de ansiedade no ambiente de trabalho. Para evitar sentimentos negativos, o ideal é que as empresas incentivem uma comunicação honesta entre os colegas de trabalhos e líderes.
A CNV é uma mudança de paradigma nas instituições. Segundo a teoria criada por Marshall Rosenberg, alguns se julgam superiores, criando modelos de certo e errado, institucionalizando a dicotomia do bem e do mal e definindo uma rede de poder onde poucos estão na condição de dominância e muitos na condição de subordinados. Estas relações de poder ferem muitas necessidades humanas essenciais. A aplicação da Comunicação Não Violenta visa apontar claramente: as necessidades, as observações de fatos específicos, a expressão dos sentimentos invocados a partir do agir de outras pessoas (ou organização) e solicitações realizadas como pedidos e não como ordens.
Uma forma de estimular este modelo nas empresas seria o treinamento de líderes no perfil de liderança servidora com habilidades em CNV, orienta Luciana Valente, psicóloga da Mind Care.
“Substituir o julgamento certo x errado por uma observação clara e específica daquilo que não está atendendo as solicitações. Além de expressar uma solicitação como forma de um pedido e não como ordem. Isso aumenta a chance de uma colaboração genuína”. Assim, a CNV oferece meios de manter uma boa saúde mental reduzindo drasticamente a violência e suas consequências nocivas.
Os meios de comunicação e demais agentes sociais devem desenvolver hábitos e estimular habilidades de CNV na sociedade. Assim como criar conexões com o grupo social e saber expressar os reais sentimentos das populações, fazendo com que as necessidades sejam ouvidas de maneira correta. “Se este profissional utilizar a Comunicação Não Violenta em seu repertório, certamente será mais valorizado, pois as pesquisas mostram que essas boas práticas tendem a alcançar resultados favoráveis a todos os envolvidos nas organizações”, comenta a psicóloga.
Cabe ao comunicador ser um agente da sociedade mais consciente e com atitudes mais humanitárias, reduzindo drasticamente a violência que tanto castiga a todos.
Confira as principais práticas da Comunicação Não Violenta:
- Criar espaço para que todos possam expressar suas necessidades e sentimentos. Não há uma relação de dominação e sim de empatia;
- Promover um ambiente (clima organizacional) mais saudável e respeitoso;
- Permitir que as responsabilidades sejam melhor identificadas, tendo em vista que a liderança servidora horizontal reduz “ruídos” na comunicação;
- Criar uma sinergia entre os valores da empresa e os princípios e valores pessoais.
Portanto, proporcionar um ambiente corporativo de escuta, com a prática de se colocar no lugar do outro, passar mensagens de maneira clara e branda. E receber as colocações dos colaboradores de maneira acolhedora e não reativa, auxiliam no relacionamento humanizado nas instituições.